Cemeam de Sapiranga se reinventa e leva prática para dentro da sala de aula

Jornal Opinião

Desde 2004 Sapiranga conta com o Centro Municipal de Estudos Ambientais, o CEMEAM, local mantido exclusivamente pelo Município e criado para enriquecer o aprendizado dos alunos das três redes de ensino em assuntos voltados à educação ambiental. Assim como todos os setores, durante este período de isolamento social e pandemia, a forma de trabalho teve que ser reinventada. “O espaço realmente existe para receber os alunos. Para nós, está sendo uma tristeza muito grande não tê-los aqui. Era uma rotina, de segunda a sexta-feira, manhã e tarde. Às vezes até mesmo em finais de semana e eventos do município. Mas o Cemeam não fechou. Porque como é todo voltado à preservação e educação ambiental, são muitas plantas e animais que precisam de manejo, o que continuou acontecendo, agora até mais intensificado”, explica a diretora do Centro, Fabiana Haubert, também bióloga e professora. Ela, outros dois professores e cinco funcionários, ainda aproveitaram este período sem alunos para desenvolver novos espaços no local.

O espaço Sustentabilidade é um deles, local montado ao ar livre, com materiais reaproveitados, como bancos, vasos e pergolado. “Nossas funcionárias que fizeram, tudo para receber a educação infantil, as crianças, que vão poder sentar ali, e observar nossa natureza, além de aprender sobre reutilização dos materiais. Valorizamos a rosa, nossa planta símbolo, que vai crescer sobre o pergolado”, conta Fabiana. São diversos outros locais espalhados pelos 10 hectares de área do Cemeam, todos pensados com o objetivo de ensinar, na prática, a preservação ambiental e a importância da natureza na vida de todo ser humano. “Temos o jardim filtrante, onde filtramos todo o nosso esgoto do banheiro e cozinha, o espaço da biodiversidade, e o brincando na natureza, que conta com balanços diferentes. Fomos criando tudo com a expectativa de voltarmos a receber os alunos em 2021”, destaca, empolgada, a diretora do Centro.

Projetos incentivam a reciclagem e a solidariedade distribuindo mudas de árvores nativas

O Cemeam desenvolve dois projetos voltados para toda a comunidade. Um deles é a Troca Solidária, em que qualquer cidadão que for até o Centro entregar 20 garrafas pet recebe uma muda de árvore. Ou 10 garrafas pet por uma muda de planta medicinal. “Antes da pandemia, a comunidade vinha muito aqui. Agora estamos voltando a receber interessados”, ressalta Fabiana. Outro projeto, suspenso desde o ano passado, em função da pandemia, é o Plantando Vidas, uma parceria entre Cemeam, Hospital Sapiranga e Rotary. “Nós produzimos as mudas, o Rotary retirava aqui 20 mudas por semana e levava para o Hospital, onde os pais de cada criança nascida no local, ganhavam uma muda”, esclarece.

Para continuar com o trabalho de distribuição de mudas neste período, a equipe se inspirou em ideias de outros municípios e criou a campanha, voltada às escolas, para troca de mudas de árvores por litros de leite. “Uma parceria com a Secretaria de Educação para ajudar as famílias dos alunos da rede municipal que estão passando por necessidades”, destaca Haubert. Nove escolas aderiram e até agora, durante o mês de junho, o mês do meio ambiente, foram 728 litros de leite arrecadados. “Isso significa 728 mudas de árvores que saíram daqui e serão plantadas”, comemora. A campanha continua e todo o leite arrecadado está sendo distribuído pela SMED.

Desde o início do ano letivo, Cemeam vai até as escolas para continuar ensinando na prática

Nada melhor para a aprendizagem do que ver e ouvir, na prática, tudo aquilo que se estuda em sala de aula. E o Cemeam foi criado exatamente com o objetivo de proporcionar experiências reais aos alunos, para que, além de aprender com mais facilidade, passem a incorporar esses novos aprendizados, de hábitos mais saudáveis e sustentáveis, em suas rotinas. Neste período em que as turmas estão sem frequentar o Centro, a equipe buscou alternativas. “Começamos a ir em busca das escolas, nos comunicar com os coordenadores, nos colocando a disposição. Então começamos a ajudar no planejamento das atividades e passamos a ir até as escolas. Já fomos, por exemplo, até uma escola falar sobre a separação do lixo. Levamos um miniminhocário. Levamos o que é possível levar. Estamos nos reinventando dessa forma. Criamos vídeos também, sobre recursos hídricos e plantas medicinais”, salienta a diretora. Uma das próximas visitas será para falar sobre borboletas e outra sobre as tartarugas.

Semanalmente algum tipo de material é disponibilizado aos coordenadores de escola. Durante o mês de junho, mês do meio ambiente, foram enviados vídeos reiterando a importância da separação do lixo e dos recursos hídricos. Agora, em julho, o assunto está sendo as frutas e hortaliças da estação. O trabalho é extremamente dedicado e competente, tanto que chamou a atenção dos alunos de enfermagem da Universidade Feevale, que estão no município, atuando na Saúde, graças a uma parceria firmada entre administração e instituição. “Nosso foco é sempre os alunos da rede, mas atendemos todas as faixas etárias. Até mesmo as alunas de enfermagem da Feevale vieram para uma capacitação em plantas medicinais”, comemora Fabiana.

Espaços de aprendizagem vão desde canteiros de plantas medicinais a açudes com peixes

São dezenas de espaços voltados à aprendizagem desde os tradicionais viveiros das mudas até os inovadores, como o local em que foram instalados os painéis de energia fotovoltaica, que futuramente irá se transformar em uma sala de aula para apresentar, na prática, o funcionamento da captação da energia solar. Há ainda a espiral de plantas melíferas. “Um local construído em formato de espiral, apenas com plantas que chamam abelhas. Basta abrir o sol que as abelhas vêm”, explica a bióloga. O Relógio do Corpo Humano é sucesso entre os profissionais da área da saúde. Um grande canteiro em formato de relógio com plantas que desempenham um papel de cura ou prevenção. “É uma sala de aula ao ar livre, já temos há bastante tempo e requer muito cuidado”, salienta Fabiana.

Os canteiros, com hortaliças, chás e temperos, foram totalmente revitalizados, e aqueles localizados dentro das estufas servem também como sala de aula. Outro ponto de grande interesse são os dois açudes com peixes. “Mostramos a vegetação no entorno, as plantas aquáticas, filtradoras. E salientamos a importância do espaço como forma de reservar água”, enfatiza. Dentre os animais que também fazem parte do Centro há uma ovelha, tartarugas e galinhas.

Jardim especial para exposição de rosas

O Jardim Expositor de Rosas foi desenvolvido para o cultivo de algumas das espécies de rosas que são encontradas por todo o município. “Estamos focando agora nestes canteiros, também a pedido da nossa prefeita Carina. Estamos iniciando o processo de produção de rosas. A Secretaria de Obras também irá nos acompanhar neste processo”, explica a diretora.


Novos projetos e boas expectativas para os próximos meses

“Estamos sempre pensando em projetos novos. Já temos um projeto encaminhado para 2022, focado em trazer as escolas para cá. Isso aqui é vivência pura. Todo aluno deveria passar por aqui em algum momento, saber que temos um espaço como esse aqui em Sapiranga, e que é mantido pela prefeitura, um grande diferencial. Isso aqui é uma riqueza incrível”, finaliza Fabiana.

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