Gestores de hospitais afirmam que preços dos medicamentos para Covid continuam altos

Jornal Opinião

A CPI com a finalidade de investigar os aumentos exorbitantes de preços de medicamentos e insumos utilizados no combate a pandemia de Covid-19, realizou mais cinco oitivas com gestores hospitalares, totalizando 39 depoimentos até agora. Desde o início dos trabalhos da comissão parlamentar de inquérito, os diretores dos hospitais vêm confirmando a variação desproporcional dos preços de medicamentos que compõem o kit intubação e as dificuldades para a aquisição de fármacos e equipamento de proteção individual durante a pandemia. “Os depoimentos têm a mesma tônica, ou seja, houve um aumento estratosférico dos preços dos medicamentos, fazendo com que os estoques chegassem muito perto do fim e colocando em risco a saúde dos pacientes. E isso não pode ocorrer novamente”, apontou o presidente da CPI, deputado Dr. Thiago Duarte (DEM).

O gerente de compras do Hospital Ernesto Dornelles, Fernando Fermann, afirmou que a instituição ainda hoje enfrenta dificuldades para adquirir itens que compõem o kit intubação. Desde que o governo federal requisitou os medicamentos da indústria, os preços, segundo ele, dispararam de “forma descomunal e impraticável”. Citou, como exemplo, o Midazolan, que no início da pandemia era comprado por R$ 2,90 (ampola), chegou a 25,95 e agora custa R$ 17,00.

Fermann afirmou que os preços permanecem altos, mesmo com a redução da taxa de internação por Covid-19. Ele teme que, com o recrudescimento da pandemia, a instituição não tenha condições de absorver preços em “patamares tão exorbitantes quanto os atuais”.

O Hospital de Cardiologia também enfrentou dificuldades para obter medicamentos para os pacientes infectados pelo novo coronavírus. Para manter o atendimento, o hospital adotou protocolos alternativos e está importando fármacos da Turquia.

A gerente de compras da instituição, Sofia Jacobsen Vieira, apontou o Midazolan como o principal vilão. O preço da ampola passou de R$ 3,00 para R$ 81,00, oferta que, segundo ela, não foi aceita. “Há uma dificuldade mundial, mas há muita ganância também. Está mais barato importar do que comprar das distribuidoras daqui”, revelou.

O Hospital Tacchini, de Bento Gonçalves, só conseguiu manter os atendimentos aos pacientes com Covid-19 porque suspendeu todas as cirurgias, inclusive, as oncológicas. O superintendente-executivo da instituição, Ilton Mâncio, disse que teve que tomar a decisão, para evitar a falta de medicamentos para os intubados. Ele relatou aos deputados variações de preços de medicamentos de até 538% durante a pandemia e afirmou que o valor da diária da UTI para pacientes com Covid pelo SUS de R$ 1600,00 não cobre os gastos, que chegam a R$ 3.000,00 por dia.

O diretor-administrativo do Hospital Getúlio Vargas, de Sapucaia do Sul, Marco Antônio Baldo, disse que os preços dos medicamentos para o tratamento da Covid-19 chegaram a patamares “fora de qualquer perspectiva de gestão financeira”. Os fármacos não chegaram a faltar, mas os estoques baixaram para 24 horas no pico da segunda onda, levando a adoção de protocolos clínicos alternativos.

Último a depor, o diretor- superintendente do Hospital de Sapiranga, Ricardo Kochhann, defendeu a criação de estoques de medicamentos pela indústria durante a pandemia e adoção do critério de prioridade para aquisição de medicamentos para os hospitais, sem passar pelas distribuidoras.

Participaram da reunião os deputados Dr. Thiago Duarte (DEM), Faisal Karam (PSDB), Clair Kunh (MDB), Fernando Marroni (PT) e Vilmar Lourenço (PSL).

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