Preservação do Ferrabraz é reforçada por placas instaladas em pontos do morro de Sapiranga

Jornal Opinião

Painéis destacam informações sobre a área protegida pela Lei Municipal 5.900/2016, assinada pela prefeita Corinha para ampliar proteção ao imponente símbolo natural da cidade

 

A Prefeitura de Sapiranga, por meio do Departamento de Meio Ambiente e em parceria com o Núcleo Socioambiental Araçá-piranga, instalou no Morro Ferrabraz e zona rural norte da cidade seis placas com informações sobre a altimetria, hidrografia e principais atrativos turísticos da Área de Relevante Interesse Ecológico  (ARIE) do Morro Ferrabraz, com 5.876 hectares, amparada pela  Lei Municipal 5.900/2016, sancionada em maio de 2016 pela prefeita Corinha Molling.

A ação faz parte das medidas adotadas pela preservação do Morro Ferrabraz, que era protegido pela Lei Municipal 1.400/1987 até maio de 2016, quando a lei foi revogada após reformulação e ampliação do texto pela Lei Municipal 5.900/2016, buscando proteger ainda mais o patrimônio natural e símbolo da cidade, determinando a proibição de instalação de linhas de transmissão de energia de alta tensão na área, já que um estudo energético da Eletrobras ameaçava cortar caminho pelo Ferrabraz.

A  ARIE, segundo o Artigo 14 da Lei 9.985/2000 que trata do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, é uma unidade de conservação de manejo sustentável, formada por terras de domínio público e privado, com características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional, mantendo  os ecossistemas naturais regulando  o uso  tolerado  dos recursos de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza.

 

INFORMAÇÃO

Júlio Konrath, um dos fundadores do Núcleo Socioambiental Araçá-piranga (é doutor em Ecologia Humana, pós-graduação em Educação Ambiental/Faccat, avaliador do Projeto Rio dos Sinos é Nosso), destaca que o objetivo das placas é de informar visitantes e moradores sobre a área de preservação do Morro Ferrabraz.

Segundo estudos, a área do Ferrabraz situa-se na extremidade de um dos últimos grandes fragmentos florestais contínuos da populosa região hidrográfica do Rio dos Sinos, a Área Prioritária para Conservação da Biodiversidade dos Contrafortes do Morro Ferrabraz, abrangendo cinco municípios da região com ~ 20.000,0 ha (PDA 192MA, 2007), integrante  da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica do Rio Grande do Sul (UNESCO/IPHAE, 1993), que  sobreviveu somente devido àa acentuada declividade e baixo valor das terras.

 

CURIOSIDADES

– No ano de 1500, a Mata Atlântica cobria cerca de 1.306.421 quilômetros quadrados (1,3 milhão de km2) do território brasileiro. Hoje abrange apenas 104.513,7 Km2 (104, 5 mil km2) , cerca de 8% da área do País.

– Mesmo tendo sofrido esta devastação, a Floresta Atlântica ainda é um dos ecossistemas mais ricos do planeta em termos de diversidade de espécies vegetais, mas algumas são muito raras.

– Este desmatamento desenfreado em nossa região causou a extinção local da Eugenia multicostata Legr., a planta conhecida como araçá-piranga, nome dado à fruta pelos índios Caingangues e que acabou, devido a uma corruptela linguística, gerando o nome Sapiranga.

– Segundo pesquisa do professor Lúcio Fleck publicada no livro A História de Sapiranga, a denominação “as terras de Sapiranga” serviu de referência para delimitar a região no período colonial – os primeiros alemães referiam-se ao atual município desta maneira.

– A Mata Atlântica foi muito devastada, principalmente no início do século 20. No Rio Grande do Sul isso ocorreu devido à intensa supressão da cobertura florestal original, causada pelas atividades agropecuárias,  urbanização desordenada e a rápida industrialização após a chegada dos imigrantes europeus.

– A maioria dos moradores de Sapiranga nunca viu a fruta que deu origem ao nome da cidade, ou a confunde com outra árvore de frutos vermelhos ou amarelos pequenos da mesma família botânica, o Psidium catlleyanum (araçazeiro).

– O Núcleo Socioambiental Araçá-piranga vem há quase duas décadas realizando projetos e ações de conservação e desenvolvimento sustentável, para que a rica biodiversidade e as comunidades de agricultores tradicionais residentes na Mata Atlântica sejam preservadas.

 

A ARIE DO FERRABRAZ

Conforme o Artigo 3.º da Lei 5.900/2016, são objetivos da ARIE do Morro Ferrabraz:

– Conservar a espécie ameaçada Eugenia multicostata Legr. (Araçá-piranga), cuja identidade é associada ao topônimo indígena “Araçá-piranga”, do qual atribuiu-se o nome da cidade de Sapiranga-RS.

– Assegurar a preservação do patrimônio natural e cultural da imigração estrangeira no extremo sul do Brasil.

– Incentivar e promover o uso dessa área para fins de lazer, esportes, turismo e contemplação da natureza.

– Compatibilizar e harmonizar as explorações, instalações e edificações  com os objetivos de proteção.

– Regrar e ordenar o uso e ocupação do solo de forma atender as finalidades da sua instituição.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado.

Próximo Post

Reforma no Centro Municipal de Cultura de Sapiranga em fase de conclusão

Trabalhos recuperaram de rede elétrica, iluminação, palco e forro da casa cultural que completará 29 anos em 2017   Estão […]