É de Campo Bom a única mulher do RS no atletismo das Surdolimpíadas

Jornal Opinião

Em 2008, Aline Bieger chamava atenção nas aulas de educação física da Escola Municipal de Ensino Fundamental Lúcia Mossmann, em Campo Bom. Embora esguia, ela largava sempre atrás das outras corredoras, mas tinha uma velocidade de corrida muito acima da média das colegas. Assim, a garota foi contemplada com bolsa de estudos no Colégio Tiradentes, para desenvolver seu talento no atletismo. Desde então, Aline não parou mais de treinar. O detalhe de largar atrás nas corridas se devia a uma deficiência auditiva; ela tem somente 15% de audição no ouvido direito e não ouve nada no esquerdo. Isso sempre dificultou sua participação nas provas comuns, que são iniciadas com estímulos sonoros.

Aline será a única mulher representando o Rio Grande do Sul nas provas de atletismo nas Surdolimpíadas. Normalmente, ela compete nas provas de velocidade 100m rasos, categoria de sua prova mais forte, na qual fez o tempo de 12,6s. A expectativa é chegar à final. “Estar entre as oito mais rápidas do mundo seria um grande resultado”, destaca a atleta que também compete nos 200m e 400m. A rotina de treinos é intensa, ela trabalha em uma academia em Novo Hamburgo e treina de segunda a sábado em Porto Alegre.

Na segunda-feira, dia 25, Aline visitou a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer de Campo Bom (Smel) e também conferiu as obras da Pista de Atletismo do Parque da Integração Arno Kunz, o Parcão. A atleta se mostrou impressionada com a estrutura pública que Campo Bom passará a ter e poderá aproveitar a pista, com o emborrachamento do piso, para realizar alguns treinamentos no local.

Para o prefeito Luciano Orsi, Aline é mais uma prova de que Campo Bom tem muito potencial no esporte. “Minha gestão não mede esforços para investir no esporte e estamos sempre em busca de melhorar a estrutura física dos locais públicos e de qualificar nos nossos profissionais que atuam na área. A Aline está de parabéns e pode contar com a torcida de toda a comunidade”, garante o prefeito.

O secretário da Smel, João Carlos e Silva, destaca a importância da atleta para Campo Bom. “Aline é uma referência para nossas crianças, começou no Programa Acolher e hoje é uma atleta olímpica. Buscamos uma forma de apoio não só para ela como aos demais atletas que levam o nome de Campo Bom para o mundo”, disse o secretário.

Para atingir o objetivo de disputar as Surdolimpíadas, além da dedicação aos treinos, Aline precisou custear todas as despesas com seu treinamento e material para as competições. Em 2019, a atleta campo-bonense venceu o Campeonato Brasileiro nas três provas que disputou e teve, da Confederação Brasileira de Desportos de Surdos, a promessa de uma Bolsa Atleta, mas isso não se concretizou.

Agora, como Aline terá de passar 15 dias sem trabalhar para se dedicar à competição, está organizando uma “vakinha” on-line com familiares e amigos para custear as despesas (https://vaka.me/2708549).

As Surdolimpíadas acontecem de quatro em quatro anos desde 1924, a última edição aconteceu na cidade de Samsun, na Turquia em 2017. Devido à pandemia, houve o intervalo de cinco. Será a primeira vez que a América Latina receberá o evento.

Aline viaja para Caxias do Sul neste sábado, dia 30, e no domingo participa da Abertura Oficial da Surdolimpíada. Ela permanece na Serra para os treinamentos preparatórios junto da seleção brasileira e entra na pista no sábado, dia 7 de maio, para competir.

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