Sapiranga leva a sério o paradesporto e fomenta descoberta de talentos municipais

Jornal Opinião

Treinamento individualizado, focado na realidade de cada atleta e em busca de resultados. É dessa forma que o paradesporto está crescendo e melhorando a vida dos estudantes em Sapiranga. O professor e supervisor pedagógico, Flavio Bressan, da Secretaria Municipal de Educação, explica que o trabalho com estes atletas acontece de forma diferente, pois os alunos são diferentes. “Cada aluno é tratado de forma individualizada no treinamento, conforme a deficiência e o esporte que eles entram, dentro da realidade de cada um”, explica, salientando que o foco em resultado e a busca ativa por atletas iniciou efetivamente em Sapiranga no ano de 2017. “Foi neste ano que começamos a trabalhar focados em competição. Em 10 de julho de 2017 trouxemos um professor de Portão para desenvolver atividades e apresentar o paradesporto no município. 15 dias depois iniciamos as avaliações com os alunos. Fizemos um levantamento de todos os alunos do município, possíveis atletas. Ia nas escolas conhecer os alunos, reconhecer a habilidade e os transforma em um atletas. Fomos lá, buscamos, cativamos e deu certo!”, relembra. 

Início, em 2017, já contou com 18 alunos em campeonato estadual

Já em 2017, após o trabalho de busca realizado nas escolas municipais, 18 alunos foram selecionados para o Campeonato Estadual em Porto Alegre. Destes, cinco foram para São Paulo. A partir de então, em 2018, o trabalho com os atletas do paradesporto foi se solidificando e crescendo no município. “Chegamos mais fortes em 2018. Com tudo mais alinhado, organizamos nosso primeiro parajogos municipais. Intensificamos a bocha, o atletismo, e todas as outras modalidades possíveis, visando a participação na etapa estadual, para conseguirmos nos preparar para a etapa nacional”, destaca Bressan. Foi neste ano que mais professores começaram a se envolver e a se dedicar ao treinamento desses atletas. “Quando os professores viram que o aluno deles, da escola deles, estava se destacando, começaram a entender que eles também podiam chegar lá”, salienta. 

Atleta sapiranguense é convocado para Camping Escolar da Seleção Brasileira de Base

Em 2018, 12 atletas do município foram para a etapa nacional dos parajogos. Foi neste ano que o atleta Alan Willian de Souza Flores conquistou o 3º lugar na bocha e o Igor Camargo outras duas medalhas no atletismo. Graças ao bom desempenho, o Alan foi convocado, em 2019, para o Camping Escolar, que é a Seleção Brasileira de Base do Paradesporto. “No início de 2019 e também na metade do ano fomos para São Paulo, na Seleção Brasileira de Base, passamos um total de 15 dias lá. Tudo no Centro Paralímpico Brasileiro”, recorda o professor. 

Parajogos escolares de 2019 contou com 150 participantes

Todo esse empenho em mudar a vida de cada estudante transformou os Parajogos Municipais de 2019 em um grande evento em Sapiranga. Foram 150 participantes em diversas modalidades, como tênis de mesa e bocha. “Foi o melhor parajogos que nós fizemos”, comemora Flavio. “Nosso objetivo era preparar os alunos para o Paracergs (em Porto Alegre). Tivemos dois campeões de bocha estaduais naquele ano”, ressalta.

2020, ano da pandemia, iniciou com convocação para Seleção Brasileira 

Após os bons resultados no ano anterior, em fevereiro de 2020, chegou a convocação do atleta Alan, da bocha, para treinar com a Seleção Brasileira que iria para as Olimpíadas naquele mesmo ano. “Fomos com ele dia 12 de fevereiro para São Paulo. A pandemia começou no Brasil e tivemos que suspender todos os sonhos e o trabalho até então”, lamenta o supervisor. 

Futuro é de esperança, de planos ousados e expectativa pela retomada dos trabalhos

A expectativa de todos é pelo fim da pandemia e o retorno das atividades. “Como os deficientes são mais sensíveis, alguns têm a imunidade mais baixa, precisamos ter cuidado e não queremos acelerar. Então, a gente precisa aguardar o fim da pandemia para reiniciarmos, buscando e cativando os alunos. Teremos, com certeza, novos atletas e agora iniciaremos a busca pelos pequenos, lá na educação infantil, pois assim este aluno estará envolvido nos treinamentos e competições durante vários anos”, planeja Flavio. 

A expectativa da equipe da SMED era que, se 2021 fosse um ano típico, sem pandemia, não menos de 130 atletas participariam dos Parajogos Municipais. “Todos começaram a ver os resultados e querer fazer parte também. Cada escola fez sua parte e organizaram os treinos conforme os alunos que tinham”, explica o professor. O município, hoje, conta com a professora de atletismo Luciana Sagrilo Monteiro, árbitra nacional e internacional de atletismo, que ajudou a intensificar os treinamentos.

Esporte que transforma vidas e abre possibilidades

 “Estamos mostrando um caminho para estes alunos. Estamos abrindo os olhos deles e evidenciando as possibilidades”, explica Bressan, salientando que muitos pais, no momento que enxergam um outro colega participando e conquistando medalhas, se empolgam e percebem que podem proporcionar algo diferente para o filho. 

O envolvimento destes alunos no paradesporto é, muitas vezes, como descreve o professor, o único momento em que irão pensar com a mente mais aberta e avaliar possibilidades. “Eu acho o máximo e extremamente importante abrir esses caminhos para eles, porque não sabemos o futuro deles. Provavelmente vão, sim, conseguir um emprego, mas com o esporte podemos mostrar mais caminhos, mais possibilidades  tanto em uma profissão, quanto no esporte. Abre os olhos deles, passam a ver o mundo de forma diferente”, enfatiza o supervisor.

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