Dezembro Vermelho alerta para os cuidados contra HIV/AIDS

Jornal Opinião

Há cinco anos, o país realiza o Dezembro Vermelho: uma campanha nacional, instituída pela Lei nº 13.504/2017, contra o vírus HIV, a AIDS e outras IST (infecções sexualmente transmissíveis). O objetivo é promover a prevenção, a assistência e a proteção dos direitos humanos de pessoas infectadas com doenças sexualmente transmissíveis. 

Na década de 80, a AIDS chocou o mundo ao acometercentenas de milhares de vidas, especialmente de grandes astros da música nacional e internacional. E como será que estão os dados hoje, 40 anos após esta grande epidemia global? A Dra. Eliana Wendland, médica epidemiologista do Hospital Moinhos de Vento, falou a respeito e esclareceu muitas dúvidas que ainda pairam sobre o imaginário coletivo.

Número de casos no País

No Brasil, de 1980 a junho de 2021, 1.045.355 casos de AIDS foram detectados no país, de acordo com o “Boletim Epidemiológico HIV/AIDS”, do MS. A boa notícia é que, desde 2012, houve uma diminuição na taxa de detecção da enfermidade, que passou de 22,0/100 mil habitantes (2012) para 14,1/100 mil em 2020, configurando um decréscimo de 35,7%. Conforme o levantamento, em 2020 também foram registrados um total de 10.417 óbitos, tendo como causa básica a AIDS, com uma taxa de mortalidade padronizada de 4,0/100 mil habitantes. 

Essa taxa, igualmente, sofreu um decréscimo entre 2014 e 2020, de 30,6%. Entretanto, o estudo observa que parte dessa redução pode estar relacionada à subnotificação de casos, em virtude da pandemia de COVID-19. E essa seria a má notícia. Ou seja, os números podem ser superiores aos informados.

RS e POA estão entre as maiores taxas do Brasil

Ainda conforme o Boletim Epidemiológico, em 2020, o ranking das Unidades Federativas referente às taxas de detecção de AIDS mostrou que os estados do Amazonas, Rio Grande do Sul e Roraima apresentaram as maiores taxas, com 28,7, 21,8 e 21,2 casos por 100 mil habitantes, respectivamente. Em relação às capitais, as cinco posições mais elevadas são Belém, Porto Alegre, Manaus, Florianópolis e Salvador.

Baixo uso de preservativo

Mas por que será que ainda temos números tão altos de contaminados? Será que falta conhecimento da população sobre a prevenção de IST (infecções sexualmente transmissíveis)? Ou será que as pessoas perderam o medo da doença? A Dra. Eliana avalia que, nos últimos anos, houve uma diminuição das propagandas educacionais referentes à prevenção de HIV e testagem precoce, com consequente baixo uso de preservativos na população jovem, onde ocorre preferencialmente a transmissão do vírus.

O material do MS indica que a maior concentração dos casos de AIDS no Brasil foi observada na população com idade entre 25 e 39 anos: dos quais 52,0% eram do sexo masculino e 47,8% do feminino.

E por que Porto Alegre segue com números tão altos de infectados?

A médica do Hospital Moinhos observa que, quanto mais pessoas infectadas temos, maior a probabilidade de infecção. “Porto Alegre precisa de campanhas populacionais massivas de testagem e educação para o sexo seguro, para que seja quebrada a cadeia de transmissão do vírus”, analisa a epidemiologista.

Dá para se proteger?

“Para se proteger é preciso fazer sexo seguro independentemente da idade, ou seja, usar preservativo e saber o status sorológico do parceiro”, recomenda a Dra. Eliana. “Também é importante fazer testagens periódicas de HIV. Em caso positivo para o vírus, o diagnóstico precoce é imprescindível para realizar um tratamento adequado e também para que os indivíduos não transmitam a doença a outros. Se a paciente for gestante, é necessário fazer um pré-natal de qualidade e evitar que haja a transmissão da mãe para o bebê”, orienta.

Mas o que é a AIDS?

Segundo o Ministério da Saúde (MS), a AIDS (sigla em inglês para Síndrome da Imunodeficiência Adquirida)é a doença causada pela infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana ou HIV, em inglês. Esse vírus ataca o sistema imunológico, que é o responsável por defender o organismo de doenças. As células mais atingidas são os linfócitos. O vírus é capaz de alterar o DNA dessa célula e fazer cópias de si mesmo. Depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção.

Quais são os sintomas iniciais? É como uma gripe?

A Dra Eliana Wendland elucida que, na primeira fase, chamada de infecção aguda, ocorre a incubação do HIV – tempo que decorre entre a exposição ao vírus até o surgimento dos sinais da doença. “Os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma gripe, como febre e mal-estar. Por isso, a maioria dos casos passa despercebida”, alerta.

A próxima fase, que pode durar muitos anos, não apresenta sintomas. Com o passar do tempo, o organismo fica cada vez mais fraco e vulnerável a infecções comuns. Os sintomas que comumente aparecem nessa fase são: febre, diarreia, suores noturnos e emagrecimento. “A baixa imunidade permite o aparecimento de doenças oportunistas, que recebem esse nome por se aproveitarem da fraqueza do organismo. Com isso, atinge-se o estágio mais avançado da doença, a AIDS”, resume a especialista.

Fonte: Dra. Eliana Wendland (CRM 22321), médica epidemiologista do Hospital Moinhos de Vento.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado.

Próximo Post

Equipe AGVL de Parapente é campeã gaúcha por clubes

A Associação Gaúcha de Voo Livre (AGVL) levou o título de campeã estadual por clubes em 2022 neste final de […]